quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Mostrar a casa


Há uma situação, entre muitas outras, que me inquieta e irrita. Por que razão temos de mostrar a casa quando convidamos alguém pela primeira vez?
Indicar onde há uma casa de banho para uso, parece-me bem. O nosso conviva poderá querer ausentar-se para esse local sem ter que, nessa altura, questionar onde fica. Mostrar os quartos é mostrar a nossa intimidade e esta, por definição, não é pública.
Eu sinto-me mal em ambos os lados, tanto a mostrar como na qualidade de convidado. O que é que se pretende? Verificar se existe cotão debaixo da cama?
Não sei quem inventou as regras de etiqueta, mas parece-me que foi um grupo de cuscos. Há-os em todo o lado.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ainda sobre as agruras da vida

Como aqui escrevi anteriormente, são os casos… digamos… pouco agradáveis, que vão acontecendo ao longo da vida, que mais tarde nos trazem momentos de salutar riso e são convívio. Salvo sejam, evidentemente, as doenças e outros do género. Tal como o piripiri, que torna a carne mais apetitosa, não cabe no caldo verde.
Retiro do rol a doenças mas não alguns acidentes, pois as cabeças partidas estão no topo das situações caricatas ou estúpidas.
Voltando a referir-me aos que não cumpriram o serviço militar, mas agora apenas àqueles cuja razão foi unicamente por já ter deixado de ser obrigatório, acresce-lhes ainda outro pormenor. São novos e viveram já na fase em os pais compravam a generalidade daquilo que queriam.
Ora, o que é que isto tem a ver com o caso? Tudo. Anteriormente, as crianças construíam os seus brinquedos. Faziam os seus carrinhos de rolamentos. Quando passavam à fase da bicicleta, normalmente utilizavam uma velha, existente lá por casa ou construída com peças de várias, à qual efectuavam umas alterações para a tornar mais desportiva. Essencialmente, tornar desportiva era equivalente a retirar os guarda-lamas e virar o guiador para baixo.
Então, no meio deste afazeres, vê-se logo que tem de haver contratempos. Entrar pelos silvados existentes na berma da estrada era comum. Cabeças partidas idem. Destruir uma ou outra ferramenta aos pais também.
Claro que é melhor não acontecerem situações destas actualmente, queremos a segurança acima de tudo. Mas o que está feito, feito está. E haverá coisa que provoque mais o riso do que uma boa relembrada destas “desgraças”, umas dezenas de anos depois, durante um jantar de família? Duvido.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A vida e o piripiri

Quase que aposto (só não aposto efectivamente porque a minha mãe sempre me disse que pessoas de bem não se metem em apostas) que quando há uma reunião em que o saudosismo é trazido à colação, as conversas acabam sempre sobre as agruras da vida. É difícil, nesses grupos, alguém ser levado à séria se trouxer a lume o que de bom lhe foi acontecendo.
O que é versado são as peripécias e as desgraças, as quais, olhadas de longe, provocam umas boas risadas. Não me lembro, quando tomo parte numa dessas conversas, que se tenha falado de coisas que apenas correram bem, pois essas não ficam para a História.
Vou exemplificar com dois diálogos. Primeiro:
- Lembram-se daquele dia em que chovia muito e eu tinha guarda-chuva? Eh pá, nem me molhei um pouco.
- Ah! – dizem os outros.
Segundo:
-Lembram-se daquele dia em que chovia muito, eu não tinha levado guarda-chuva e ainda por cima usava aquelas calças de ganga antiga que encolhia com a água. Quando cheguei a casa já pareciam uns calções…
-Eh! Eh! Ah! Ah!... Eh pá, já me dói a barriga de tanto rir. – dizem agora.
Assim, os tempos de tropa e de escola são o objecto predilecto. Um dia colocarei aqui alguns casos de situações deste tipo. Hoje não é esse o objectivo.
Agora, exposta que está a teoria, o que é que me apraz dizer sobre isto? O que me vem à cabeça é que aqueles momentos maus, à data do seu acontecimento, estão para a vida como o piripiri para os alimentos. “Queima” a língua mas intensifica o sabor de um bom prato.
O que seria de uma vida sem um ou outro contratempo? Não seria vida. Aliás, não sei se já repararam nisso, mas quando no grupo de contadores de desgraças ocorridas na vida militar, estão alguns que, por um motivo ou outro, não pisaram uma parada, esses ficam com aquele olhar de inveja e de quem daria tudo para ter calçado umas botas com cardas.
Que raio, é que desta forma, não têm nada para contar.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A aproximação de um novo ano: Sobreviventes

Descobri, agora que pensei nisso, que sou um sobrevivente. Passei por várias catástrofes, hecatombes e “fins-do-mundo” e estou aqui para escrever sobre isso. No caso de ser o único é chato porque não terei alguém para ler isto.
Primeira grande vitória: atingi e ultrapassei o apocalipse do ano 2000. Foi difícil, lembro-me agora que o espumante e o bolo-rei, que consumi no dia 31, provocaram-me algumas dores de cabeça no dia 1, mas lá me aguentei.
Mais tarde, estava eu já descansado, quando alguém se lembra de argumentar não sei o quê, mas que o novo milénio só começaria em 2001, pois o início da contagem foi o ano 1 e não o ano zero. Ora, fiquei novamente preocupado, nem fui verificar se as contas estavam certas, e imaginei: uma vez mais, vai ser uma passagem de ano difícil com as dores de cabeça do dia seguinte. Agora que reflicto um pouco nisso, acho que as dores de cabeça são um costume dos dias 1 de Janeiro, desde há vinte anos pelo menos. Não sei porquê!
Mais recentemente, os esotéricos premeditaram o fim no dia 11-11-2011. Também passei por isso com distinção. Nem levemente chamuscado fiquei. E havia quem dissesse que as chamas iam ser altas.
De qualquer modo um mundo que resistiu às passagens do ano 1000, do dia 11-11-1111 e de 1143 (nascimento do Condado Portucalense) está preparado para tudo.
Venham de lá essas superstições, previsões, esoterias e profecias.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Países, Línguas e a dignidade

Após algumas comparações linguísticas, verifiquei que é possível aferir a influência de um país noutro através dos vocábulos assimilados pela Língua.
Sem grande esforço encefálico lembramo-nos facilmente de uns quantos estrangeirismos de origem inglesa, italiana, francesa, etc..
O engraçado da coisa é verificar como essa influência se tem verificado:
Do inglês, chamados anglicismos, temos computador e mais umas dezenas ligados à Informática, e ainda single, rock, andebol, ténis, etc.
De Itália vieram o capuchinho, piza e uns quantos ligados à música, tais como, allegro, mezzo…
Do francês, também apelidados de galicismos, adoptamos batom, croissant, ballet, blá, blá.
O português influenciou bastantes línguas, normalmente, através de nomes ligados às viagens aos “novos mundos”. Por exempo, o Inglês foi buscar as palavras zebra, caravela, China, flamingo… E, uma muito conhecida, é o “origatô” (mais ou menos assim pronunciada) do japonês, que é uma cópia do nosso obrigado. Parece que já na altura os portugueses eram educados e agradecidos, pois deveriam dizer repetidamente aquele vocábulo.
Bem, isto leva-me a algumas conclusões. Eu vou retirar duas. A primeira, que certamente já deu lugar a estudos académicos, é que é possível verificar quando determinado povo teve influência, tecnológica ou outra, no mundo. Basta ver quando os vocábulos foram assimilados pelas outras línguas.
A segunda, que pessoalmente me interessa mais, é verificar o que as outras línguas nos legaram. Do Inglês veio a tecnologia moderna, de Itália música e umas comidas boas que engordam. Agora de França vieram palavras que, para serem pronunciadas, obrigam a colocar os lábios e toda a cavidade bucal numa posição esquisita. Por outras palavras, são termos que qualquer homem tem vergonha de pronunciar.
Eu dou uma sugestão. É sempre possível dizer-se que se está a comer um bolo com ou sem chocolate, enquanto a esposa está a pintar os lábios para depois irem ver uma dança onde os executantes andam em bicos dos pés. É mais longo, demora mais tempo a dizer, mas é mais digno.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A música

Cuidado ao ler isto. No fim o leitor perceberá o porquê.
Muitas vezes penso como é possível escrever milhares ou milhões de músicas com apenas sete notas, acrescidas das suas variantes para baixo e para cima. À minha pessoa, que não percebe nada do ofício, faz confusão.
Julgo que um compositor estará lá na sua fase criativa, a cantarolar e a bater com os dedos numa mesa (quase de certeza que é assim que criam as músicas) e quando dá por ela já está a plagiar uma outra.
Por deficiência profissional, gosto de testar todas as minhas teorias e se tentar cantarolar (cantarolar é uma forma de dizer, será mais guinchar) uma melodia nova, irremediavelmente caio numa outra que já conheço.
Eu sei que com apenas dez algarismos conseguimos construir números infinitamente. Então de forma semelhante se farão infinitas músicas com as notas? Claro que não.
Primeiro, porque nem todos os números são melódicos e todas as músicas o terão de ser. Bem, agora que escrevo isto lembro-me de umas quantas que me arranham os tímpanos. Mas continuando… Aceito que haja alguma melodia no número 123321123, mas não haverá nenhuma no 543646708.
Segundo, os números repetem-se e os acordes não poderão ser iguais em duas músicas sob pena de serem uma e uma só. Por exemplo 12341234 e 123412341234 são números diferentes, mas se 1234 fosse um acorde, seriam a mesma música.
Esta teorização toda provocou-me dores de cabeça. É bom que ninguém leia isto, pois pode ser perigoso. Agora já entendem a nota inicial. É que não quero ser responsável por dores de cabeça alheias.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Cooperativismo saudável

Muitas vezes o cooperativismo é visto como algo errado. Quase sempre é entendido como a protecção “indevida” entre elementos de um grupo de interesses.
Acontece que nem sempre assim é. E posso afirmar isto porque nas minhas andanças desportivas, quer a pé quer de bicicleta, verifico que entre os entusiastas dessas modalidades existe um convívio simples mas salutar. E não estou a referir-me a velhos amigos ou conhecidos. Aludo-me a perfeitos desconhecidos, a quem o simples facto de comungarem de um interesse os impulsionam a desejar um bom dia aos outros com quem cruzam nos seus trajectos.
No último domingo, por exemplo, no passeio de bicicleta em família, o elo de ligação rápida da corrente fez o favor de saltar do local devido. E lá estava eu com as mãos sujas de lubrificante usado a tentar recolocar tudo aquilo. Durante esse espaço de tempo, todos os que passavam quer de bicicleta quer de automóvel com bicicletas nas barras de tejadilho paravam e perguntavam se necessitava de ajuda. Por acaso não precisava, mas se fosse necessária lá estava ela. E várias vezes.
Um bem-haja a cada um daqueles que assim procedem.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Para que servem os Blogs

Eu não sei nem consigo responder a esta questão no que ao geral diz respeito mas eu, em particular, posso afirmar que publicar um texto neste canto da rede global me ajuda a dormir. Como? Perguntais vós. Eu passo a explicar.
Normalmente gosto de cogitar sobre algumas mundanidades. Mas também aprecio descansar umas horitas. O que acontece é que de quando em vez essas cogitações não me deixam em paz e logo não me permitem o devido repouso.
Para contrariar, escrevo umas coisas, convenço-me e finjo que já resolvi o problema, e pronto… é sono limpo pela certa.
Claro que não é assim, mas é bom pensar que se pode alterar de alguma forma o que nos parece menos correcto. Também é evidente que aquilo que nos parece incorrecto, nem sempre o é. Cada um tem a sua liberdade desde que não prejudique a dos outros.
No fim destas linhas apenas me resta uma esperança: dormir melhor hoje.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Andamos todos na faixa errada

Nas minhas observações matinais (à tarde já não tenho vontade de observar o que quer que seja) reparei que a generalidade dos condutores dos veículos automóveis nunca está na faixa que pretende. Os da esquerda querem tomar uma na direita, os que conduzem na central querem tomar a esquerda ou a direita, e os da direita querem, invariavelmente, ir para a esquerda.
Bem, uma vez eu percebo. É normal quando se entronca numa via tomar a faixa da direita e depois ir acedendo aquela que mais se adequa ao destino.
O que me intriga é que verifico que as pessoas não sabem para onde querem ir, pois, em poucos metros, ora circulam na fila de trânsito central, quando existe, como logo vão para a esquerda ou para a direita.
Sendo assim, deixem-me chamar a atenção para alguns aspectos:
Efectuar a viagem em zig-zag torna-a mais longa, na medida em que a distância mais curta entre dois pontos é um segmento de recta.
Fazer a necessária sinalização da manobra (vulgo pisca) gasta energia, neste caso combustível, se bem que muitos não o fazem. Deduzo que deve ser para poupar e não por falta de respeito para com os outros. Isso nem pensar.
A última é que é muito melhor decidir qual o local de chegada, antes de iniciar viagem. Há quem diga que é essencial para não andar perdido. E eu concordo com eles.


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Chegar novo a velho

Parece um contra-senso mas não é. Ou, pelo menos, pode muito bem deixar de o ser a breve trecho. E perguntam porquê.
Ora bem. Há uns anos, os elementos do sexo masculino deixavam de ser considerados jovens quando acabavam o Serviço Militar Obrigatório. Este período era como um muro que separava a fase anterior da fase adulta. A partir desse momento constituía-se família etc., etc.. Esta situação arrastava os elementos do sexo feminino na mesma onda. Era assim a lei da vida.
Acontece que depois surgiu o Cartão Jovem que estipulou os 25 anos de idade como limite para se ter direito às supostas vantagens. Leitura a tirar: Era-se jovem até àquela idade.
A partir daí os bancos, outras instituições e o próprio Instituto da Juventude, têm considerado que a juventude chega até aos 35 anos de vida. Óptimo!
Tudo isto me parece defensável. Acontece que recentemente fiquei conhecedor de que no que diz respeito à agricultura o caso é ainda mais “vantajoso”. É-se considerado jovem agricultor até aos 45 anos. Parece-me que a situação vai andando e, mais dia menos ano, somos considerados jovens com 70 anos.
Eu, pelo sim pelo não e antes que seja tarde, vou plantar umas couves que assim ganho mais uns meses de juventude.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Pedir opinião

Não percebo o porquê, mas, amiudadas vezes, as pessoas pedem uma opinião contando que seja coincidente com o que pensam ou com a decisão que já haviam tomado. Isto é partir do fim para se atingir o início. Primeiro, decide-se e depois tenta-se justificar a decisão.
Também é uma forma interessante de traçar o destino, mas de forma semelhante a um problema de aritmética em que é conhecido o total e pedido para se determinarem as parcelas. Como sabemos, há infinitas soluções.
Então se há, não direi infinitas mas pelo menos muitas opiniões a dar, e o solicitador deseja apenas a sua, para que é que a pede?
Da próxima vez que me pedirem a opinião, eu contraponho com a pergunta: Qual é a sua ideia? E, claro, concordo logo com ela. Está dada uma opinião, não me levou, rigorosamente, qualquer tempo a pensar e, vantagem das vantagens, coincide com a do interlocutor.
Simples, não?

Cada geração, sua sentença

Agora tornou-se moda dizer que a actual geração jovem teve tudo o que quis ao longo da sua vida, pois os seus pais não olharam a meios para o fazer. Diz-se, ainda por aí, que não estão preparados para uma vida mais apertada em termos económicos.
Ora eu não concordo nada com isso. Senão vejamos: É comum vê-los com as calças completamente rasgadas, denotando muito e continuado uso.
Parece-me que este aspecto conduz a uma enorme poupança. Até os pouco ou nada abastados “do antigamente” não usavam a “roupa de sair” nesse estado. Ou era substituída e usada nas tarefas dos seus afazeres ou, pelo menos, era remendada.
Provada que está a minha tese, agora só é necessário extrapolar esta atitude de contenção para os outros objectos do dia-a-dia.
Por exemplo, poderiam continuar a usar o telemóvel quando avariado (mesmo que não permita efectuar chamadas) ou a consola ultrapassada pela moda, etc.
Outra situação, à semelhança do que muito boa gente defende para a saúde, seria implementarem o uso das marcas genéricas nas suas necessidades.
Que tal usar calças de marca “Luís confecções” ou sapatos “Alfredo”.
Isso, sim, ficava mais barato.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Crise de meia-idade

Se há coisa de que tenho a mais absoluta das certezas é a de que não sofro nem nunca sofrerei da chamada crise de meia-idade. Não acredito nesses preconceitos, como tal estou perfeitamente descansado nessa parte.
Mas infelizmente não deixo de ter outras preocupações. Ultimamente dou comigo a cogitar que tenho mais cabelos brancos que escuros. Igualmente a soma dos brancos com esses escuros (cinzentos e pretos) apresenta um valor cada vez mais baixo.
Depois, ainda, há aquela questão de trocar ou não de automóvel. Este é um dilema que atinge cada vez mais pessoas e ao qual eu também não estou imune. Então, no caso de isso ir para a frente, tenho colocado a hipótese de trocar a carrinha familiar por um desportivo, pois, actualmente, não necessito nem do espaço nem dos cinco lugares que aquela proporciona.
Esperem, esperem um pouco… Estão aqui a dizer-me que estes são os principais sintomas da crise de meia-idade.
- Ah!!... Bem, sendo assim…

domingo, 28 de agosto de 2011

Demasiado excelente

Estava a assistir ao jogo do Porto com o Barcelona, quando o comentador diz que determinado jogador, durante a cobrança de um lance livre, colocou demasiado a bola. Pergunto eu: Como é que se pode colocar demasiado a bola? Ou se coloca bem ou não, penso eu. Tanto mais que neste caso aquele objecto passou do lado de fora e ainda a certa distância do poste da baliza.
É chato estar sempre a explicar tudo, mas desta vez vai ter de ser. Ora bem! Chuta-se a bola. Considera-se tão mais colocada, quanto mais a sua trajectória se aproximar dos postes ou trave, ou seja, afastada do raio de acção do guarda-redes. A partir do momento em a bola não entra por ter batido nos limitadores físicos da baliza ou quando passa do lado de fora, isso chama-se, simplesmente, bola mal colocada.
Isto faz-me lembrar aqueles que, na hora de falar dos seus defeitos (por exemplo nos concursos das televisões), se apresentam como demasiado sinceros, demasiado bondosos, demasiado honestos e não sei o que mais.
Demasiado honesto? Como? Só vejo uma hipótese que passo a exemplificar: No caso de pessoas que trabalham manuseando dinheiro alheio, serão demasiado honestas se acrescentarem ao montante algum do seu próprio dinheiro.
Há adjectivos que só têm diversos graus na teoria. Na prática é sim ou não.
Muito honesto e honestíssimo são o mesmo que honesto. Pessoa pouco honesta ou não muito honesta é tão simplesmente desonesta ou não honesta. Ponto final.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ser da cidade

Ser da cidade já não é o que era. Recordo-me que, quando há mais de 25 anos desci até Lisboa por motivos profissionais, para os lisboetas, o mundo “civilizado” parecia acabar na linha que liga a Portela de Sacavém à Pontinha. Loures já estava do lado de lá.
Quem vinha de outros locais era, invariavelmente, apelidado de vários nomes normalmente pouco abonatórios. O singular da coisa é que a grande maioria dos auto-intitulados lisboetas não o eram, efectivamente, de gema.
Olhando agora à distância para o fenómeno, percebe-se que havia uma certa razão. Fora dos grandes centros não havia acesso a uma panóplia de modernices. Os cinemas, normalmente apenas existentes nas corporações de bombeiros, passavam filmes com 20 ou mais anos. As lojas de roupas eram as feiras. As cadeias de restaurantes “fast food” nem sabiam da existência do restante território, etc.
Tinham um benefício a que ninguém na altura dava o devido valor: o sossego.
Ora deste modo, quando o tema da conversa era o nome dos actores da moda, marcas de roupa, e outros blá, blá, quem davam cartas eram invariavelmente os citadinos.
Nessa altura, a situação dos provincianos pode agora ser comparável a ter-se uma conversa sobre futebol sem que se saiba os nomes dos jogadores (Mesmo assim não é o mesmo pois se o objecto for o Benfica, nem os seus adeptos mais ferrenhos sabem os nomes daquelas dezenas de praticantes).
Mas há coisas da breca. Não é que estes mesmos senhores hoje não deixam passar em vão qualquer hipótese de dizer:
– “Apenas moro cá [em Lisboa], pois sou de Trancoso” (tenho a noção de que a maioria dos lisboetas não nativos são de Trancoso, não sei porquê).
E, quando chegam as férias, o Natal ou outra época festiva, lá vão eles para Trancoso.

Portugal

O orgulho terá de ser um sentimento a ter pelos portugueses. E não é apenas devido às batalhas travadas com os castelhanos e levadas por vencidas. Até, porque a História contada “de carreirinha” e sem buracos negros mostraria, igualmente, outras tantas que contámos por derrotas.
Refiro-me sim à nossa capacidade de resistência. Não entrando por campos da sociologia, porque isso terei de deixar para quem sabe, gostaria apenas de dar um exemplo: Conhecem algum povo capaz de estar espalhado por todo o mundo em paz com os seus acolhedores? Alguns poderão dizer: Os chineses também estão em todos os continentes. É verdade, mas estão fechados no seu mundo, pouca interacção existe com os locais a não ser para vender os seus artigos de marca “Xiaofeng”.
De todos os Estados do mundo apenas sinto inveja dos EUA e por uma única razão. O patriotismo é exemplar, o que até se reflecte e pode ser verificado no seu cinema. Conhecem algum filme americano no qual não seja visível a respectiva bandeira? Escolham um ao calhar… Até o Homem Aranha pousa num mastro. Lembram-se?
Outra face da mesma moeda: Há alguma categoria profissional cujos constituintes ainda não tenham sido heróis num filme? Há-os cujos protagonistas são médicos, professores, juízes, nadadores salvadores, militares, polícias, agricultores, cientistas, etc. Até o presidente é herói no Air Force One, protagonizado pelo Harrison Ford.
Isto leva-me a esta questão: Estou enganado ou, contrariamente aos realizados naquela confederação de Estados, os filmes portugueses (mesmo com a Soraia Chaves no elenco) mostram apenas o pior da sociedade?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ser do Sporting é apenas para quem escolheu

Quando era pequeno escolhi ser do Sporting porque o meu primo, com quem via televisão à noite, me disse ser do Benfica. Foi mais ou menos para haver um contra-ponto e não estarmos ambos de acordo aquando do visionamento dos jogos. Os sportinguistas sempre foram irreverentes no bom sentido.
Hoje, passados muitos anos, verifico que de facto quem é adepto do Benfica simplesmente o é porque nunca teve a força suficiente para escolher. Ou então não se preocupa com isso e faz também parte dos supostos seis milhões. (A minha mãe que não liga nada a futebol nem conhece o nome das equipas, certamente conta para aqueles milhões).
Por essa razão, é possível afirmar que, além de todos as outras qualidades que ostenta, o sportinguista é, e sempre foi, um elemento esclarecido.
Ora passando às ditas qualidades: sempre me disseram, até porque eu considero que tive uma educação “à altura”, que devemos saber esperar. Melhor ainda, esperar mantendo a esperança. Há dúvidas de quem vence neste campeonato?
Ainda, qual é o clube que tem o hino cantado por um elemento com o cabelo da cor principal desse mesmo grémio? Que eu saiba A Wanda Stuart não canta o do Porto nem a Cindy Lauper canta o do Benfica. Seria fácil dar ocasionalmente com quem cantasse o da Académica, mas ainda não encontraram melodia à altura.
Por fim, há a razão das razões. O SCP é a única associação desportiva que é realmente eclética. Até estão na agro-pecuária, pois praticam a Capoeira. Os outros, além de mais umas coisas, usam de quando em vez umas bicicletas ou fazem campismo.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A matemática

A maioria dos portugueses queixa-se das tormentas que a matemática lhe faz ou fez atravessar. Sinceramente não se percebe e vou passar a explicar as razões de tal sentimento. Ainda em complemento, provando assim que a matemática dá jeito, farei essa tarefa através de pontos enumerados com a numeração árabe (digam lá que esta disciplina não tem aplicação prática):
Ponto 1 – Não é difícil de estudar sozinho. Pratica-se uns quantos exercícios, verificam-se as soluções e pronto…
Ponto 2 – É fácil de se entender. Difícil é perceber os conceitos intrincados, complexos e nada claros das filosofias, sociologias, psicologias e outras “ias” do género. Nem os técnicos das áreas se entendem. Basta verificar que há teses de doutoramento que concluem uma coisa e exactamente o contrário.
Ponto 3 – A resolução dos problemas conduz, geralmente, a respostas objectivas (não necessáriamente curtas). Nos outros casos, quando se faz um teste, nunca se sabe se já foi tudo referido ou, se pelo contrário, se escreveu demasiado.
Ponto 4 – É a única área do saber que visa encontrar princípios simples capazes de explicar conceitos complexos. As tais “ias” fazem exactamente o contrário: Olham para uma pessoa que está simplesmente a dormir e conseguem transformar essa necessidade humana num complexo fenómeno intrapsíquico. Ninguém aguenta.
Ponto 5 – A matemática permite a demonstração de tudo o que existe e acontece. Ao longo dos séculos, quando não existiam as ferramentas necessárias para o efeito, inventavam-se.
Ponto 6 – Finalmente, a matemática permite que se fique milionário. Não, não estou a referir-me ao estudo das probabilidades de acertar em qualquer jogo. A questão é que existe um grupo de seis problemas (inicialmente, em 2000, eram sete) ainda sem solução conhecida, sendo que o Instituto Clay de Matemática galardoará quem resolva cada um deles com um milhão de dólares (prémio Millenium).
Mais que não seja, em tempos ouvi dizer a um sábio na matéria: “Se Deus existir a matemática há-de prová-lo”. Com isto está tudo rematado. Que outra área do conhecimento permite ter a ousadia de se efectuar esta afirmação sem parecer uma estupidez?

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Final das férias – entrada em estágio

Não gosto de inventar o que quer que seja se já alguém antes o fez. E, neste caso, o mundo do futebol inventou um período que eu defendo com unhas e dentes – o estágio.
Pois bem! É conhecido um problema que afecta as pessoas no período pós-férias e que por definição coincide com o regresso à vida activa, o qual produz stress, ansiedade, etc.
Como é que os já referidos futebolistas deram a volta à questão? Pois bem. Entram em estágio, que é como quem diz: ainda não vamos trabalhar a sério; utilizaremos apenas parte do tempo para esse efeito (o restante estaremos num spa em relaxamento); e, acima de tudo, escolheremos sítios paradisíacos para o efeito.
Assim eu proponho. A partir de agora, após as férias, iremos chegar aos nossos locais de trabalho nas calmas. Consoante o nosso estado, trabalharemos apenas um dos períodos – manhã ou tarde – sendo substituídos ao intervalo. Quem aguentar, ou preferir, será substituído a meio da semana.
Além de tudo isto, as empresas deverão reservar hotéis para o efeito em zonas balneares para que a transição se faça de forma suave.
Assim julgo que é ultrapassado facilmente a síndrome pós férias.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Mestres Doutores

De um momento para o outro dou comigo a pensar que hoje é obrigatório prosseguir continuamente com os estudos superiores. Não porque seja essencial, não porque seja obrigatório, mas porque a sociedade vai deixando de “considerar”, sucessivamente, os níveis mais baixos.
A norma passou a ser o grau de Mestre, até porque muitos cursos leccionam este nível de forma integrada logo após a Licenciatura, não havendo possibilidade de sair, aos três anos, apenas com aquela.
Ora assim sendo, parece-me que daqui a poucos anos o grau mínimo exigido pela sociedade será o de Doutor. E depois? Bem, poderá efectuar-se Pós-Doutoramentos, mas “não é a mesma coisa”.
Tenho a noção que irei assistir ao seguinte diálogo entre dois colaboradores de um centro comercial:
Fulano A - Olha! Tenho de ir inscrever-me no doutoramento porque com o grau de Mestre, que tenho, apenas me dá habilitação para vender na época de saldos. Para o período normal não chega, há muitos concorrentes. Vou ser despedido.
Fulano B - Não me digas nada. Olha que, para trabalhar aqui, no cabeleireiro, após o doutoramento em Barbas e Cabelo, ainda tive que fazer um pós doutoramento em corte masculino.
Então, proponho desde já o aumento dos níveis de ensino e, à semelhança das patentes dos oficiais generais (Major General, Tenente General e General), sugiro a criação de três graus entre os Doutores: Licenciado Doutor, Bacharel Doutor, Doutor. Ainda podemos adoptar mais uma similitude, desta vez da Marinha, e criávamos, como o maior entre os maiores, o Doutor da Universidade. Assim, já teríamos para mais uns anos!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Culinária

Não vou fazer qualquer trocadilho com a palavra. Não vale a pena, já há quem o faça a cantar. Vou, sim, debruçar-me sobre o assunto. De facto debruço-me todos os dias e, usualmente, mais do que uma vez. Debruço-me sobre o prato ao almoço, ao jantar e até em outras horas gastronómicas.
Começo já por dizer, antes que seja tarde, que este é um dos muitíssimos temas que não domino, mas sobre o qual venho reflectindo.
Senão vejamos! Parece que tudo o que sabe bem no palato faz mal à saúde: O marisco provoca um aumento do ácido úrico; o Leitão à Bairrada parece que faz bem ao colesterol e mal a nós, pelo menos dizem para aí que aquele aumenta que se farta; os doces em geral provocam hiperglicemia; etc, etc.
Sendo assim, restam-nos os cozidos e sem sal, porque até as zonas mais passadas dos grelhados e assados podem provocar cancro do pâncreas.
Mas isto deixa-me a pulga atrás da orelha. Os médicos que conheço comem mais marisco do que eu, muitos gostam de parar nos vários restaurantes da Mealhada onde o leitão é prato oficial, a maioria ingere mais doçarias do que eu e, comparado mais uma vez com a minha pessoa, nenhum pratica mais exercício físico.
Algo está errado. Ninguém me tira da cabeça que nos andam sistematicamente a enganar, com o intuito que sobeje mais para eles, ou então há um qualquer segredo que guardam bem guardado.
Certamente, porque só pode, há um medicamento que controla os excessos e eles não dizem nada. Seus malandros.

Coisas que não ficam bem

Há dias difíceis. Por exemplo, quando não temos guarda-chuva, chove e temos de atravessar a rua. Pior ainda: faltam cinco minutos para o final do dia de trabalho e ouve-se o toque do telefone. Verificamos o visor do aparelho e o número é daquela pessoa que leva no mínimo uma hora para nos dizer o que pretende, tarefa que podia ser levada a cabo em, vamos lá, um minuto.
Igualmente mau. No acto de ser cumprimentado, ouvir dizer “já agora” ou então não ser olhado nos olhos ou ainda o nosso interlocutor continuar a conversa que estava a ter, não se dignando a um curto “bom dia”.
Mas, o pior dos piores é num restaurante os empregados de mesa me perguntarem se está tudo ao gosto, quando estou a tentar deglutir a carne que estou a mastigar. Obrigam-me a responder um sim com a boca cheia, quando algumas vezes me apetecia tecer outros comentários. Mas não o faço porque, fazendo fé no que observo durante algumas refeições, não deve ser agradável que vejam o quimo enquanto falo.
É por estas e por outras que vou raras vezes àqueles locais. Ou é por isso ou por ser caro, não sei.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Felicidade

Há uns anos, num curso que envolvia a obrigação de efectuar discursos para plateias, alguns dos quais de improviso, saiu na “rifa” a um colega, para falar durante três minutos, o tema: a felicidade.
Após o conhecimento do assunto, eram dados para preparação cinco minutos, que antecediam a “representação”, os quais ele utilizou para, rapidamente, ir à biblioteca existente no edifício da formação e ver o significado da palavra.
Assim, iniciou a intervenção dizendo: “A felicidade é um sentimento ulterior da alma”, enquanto apontava com os dois polegares na direcção das próprias costas, e mais não foi capaz de dizer, mas os presentes riram muito. E ele também.
De facto não é fácil definir ou expressar-se sobre este tema. Não sei se aquilo foi um momento de felicidade, pelo menos para ele não terá sido. Mas julgo poder observar uma coisa. As pessoas buscam sempre a felicidade na tarefa seguinte e não na actual.
Não sei se já li ou ouvi o que vou relatar ou ainda se, pelo contrário, já pensei tanto no assunto que me parece familiar.
Vejamos:
Enquanto somos crianças, julgamos que seremos felizes a partir do momento em que atingiremos a maioridade acompanhada da tão ambicionada liberdade;
Nessa altura, começa-se a imaginar: É pá, quando tiver o meu curso e/ou o meu trabalho e casar é que vai ser;
Casamos e aí dizemos: - Quando tiver filhos, isso é que vai ser porreiro. Brincar com eles, etc. Aí, sim, serei feliz;
No entanto começamos a ficar preocupados com o seu futuro e supomos que seremos felizes apenas quando eles próprios tiverem os seus cursos terminados e a sua vida própria organizada. Finalmente, seremos felizes e teremos tempo para nós.
Pois bem. Esquecemo-nos do mais importante. Não vivemos os pequenos momentos de felicidade que pontilham a vida.
Quando damos por isso, somos velhos de mais para começar a procurar a felicidade.
Como diria o saudoso Raul Solnado – "façam o favor de ser felizes", ao que eu acrescento – JÁ!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ídolos, heróis e outros

Nunca tive ídolos. Não sei porquê, mas gosto de olhar as pessoas de uma forma sistémica. Hoje todos são ídolos. Na maioria das vezes fazem uma única coisa um pouco melhor do que a generalidade dos outros (por vezes nem isso), entre milhões de coisas que o Homem é capaz de fazer.
A grande culpada é, sem dúvida, a televisão e nós habituámo-nos a aceitar esse facto sem questionar. Se um elemento está fechado numa casa, depressa se torna um ídolo. Se dá 3 toques numa bola sem a deixar cair ou se imita razoavelmente bem uma canção, ascende, igual e facilmente, à categoria de ídolo.
Para mim, um ídolo tem de ser um bom exemplo em todas as vertentes (eu sei que não é esta a definição, eu disse “para mim tem de ser assim”). Pelo menos não deve ser mau exemplo em nenhuma. Vá, ficamos pelo assim-assim.
Mas o que é que se verifica, e para isso basta passar os olhos numa qualquer de entre as revistas cor-de-rosa, é que os idolatrados dão, infelizmente, muito maus exemplos. Há-os até acusados de terem cometido crimes graves.
(Para que não haja grandes questões, sim, eu leio aquelas revistas. A culpada é a minha mulher que as compra e ela desculpa-se dizendo que é apenas para ver a programação televisiva. De qualquer modo, têm um dom: obrigam-me a pensar nos assuntos “importantes” que as próprias abordam.)
Continuando. O caso piora quando são apelidados de heróis. Aí, basta consultar um qualquer dicionário. O herói está num patamar acima do Homem. Não realiza as façanhas de forma egoísta mas, pelo contrário, visa o bem comum. É, por exemplo, aquele ou aquela que é capaz de colocar a própria vida em risco em prol do bem de outros. Herói não é quem consegue perder 15 kg dos 100 que tem a mais ou cantar três notas seguidas mesmo que de forma afinada (Não percebo nada de música, logo não sei se é difícil, ou até mesmo possível, cantar três notas seguidas).
Vamos pôr isto neste ponto: o leitor tem um colega que provoca, sistematicamente, um mau ambiente no local de trabalho, sabe que na sua própria casa não é diferente, havendo constantes discussões, sempre que sai consigo à noite arma um banzé em todos os locais públicos, depois de ter exagerado na bebida. No entanto, à sexta-feira, vai ao Karaoke e deleita as pessoas presentes com a sua imitação do “Não há estrelas no Céu” do Rui Veloso. Considera-o um ídolo? Certamente não. Então porque o fazemos com pessoas que nem conhecemos?
Penso ter a resposta: Damos muito valor àquilo que não conhecemos e projectamos naquelas pessoas ideais que não existem.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ditados populares

Como terão sido inventados os ditados populares que hoje conhecemos? (Não confundir com as tarefas que eram popularmente executadas na antiga escola primária e que, normalmente, eram seguidas de tantas reguadas quantos os erros de ortografia nelas existentes).
Voltando à vaca fria, ninguém me tira da cabeça que foram sendo criados, ao longo do tempo, por aqueles que necessitavam de justificar algo normalmente não aceite. Por exemplo, eu não aprecio o carapau. Podia, se tivesse “força” para o repetir até entrar no senso comum, inventar um ditado que dissesse: Comer carapau é mau.
Mas vejamos estes: “O tamanho não interessa”. “É dos carecas que elas gostam mais”. “Os gordos são mais felizes”. “Gordura é formosura”, etc.
É certo que as modas mudam e, olhando para algumas pinturas anteriores ao século XX, posso até aceitar que as senhoras um pouco mais cheiinhas eram consideradas belas e perfeitas. Mas isso era quando a generalidade da humanidade não tinha à disposição alimentos em excesso como actualmente acontece nos países desenvolvidos ou nos emergentes.
Portanto, a fazer fé nos depoimentos de uns concorrentes de um certo programa, verificamos que as pessoas gordas querem e gostariam de ser magras e, principalmente, não estão contentes com o corpo que têm.
Bem, isto está a ficar um texto demasiado sério para o meu gosto. Passemos a desenvolver os outros.
O tamanho não interessa. Ai não! Então porque não se utiliza um cordel para amarrar um navio petroleiro nas docas ou, então, experimentem pregar um cravo numa chulipa da ferrovia com um martelinho de cinzelar. Ficaram surpreendidos, estavam à espera que eu estivesse a referir-me a outra coisa? Que mentes essas!
Quanto à calvície, o problema é o mesmo. Não consigo acreditar que as senhoras preferem ver-nos sem cabelo, mas quem é que consegue entrar na mente delas para o ficar a saber.
Pelo sim pelo não, vou passar a considerar que a moral a retirar da generalidade dos ditados é exactamente o contrário do que dizem.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Praias do Centro

Num destes fins-de-semana desloquei-me pela primeira vez, neste ano, à praia da Cova-Gala. Julgo que, em termos de administração do território, não estou a fazer confusão e aquela pertence à freguesia de S. Pedro. Bem, não é a geografia que me leva a escrever este texto, mas sim as facilidades existentes, relativamente a áreas para descanso e/ou tomar refeições, entre outras coisas.
De facto, é com agrado que verifico que é possível realizar um churrasco com a segurança necessária para que não se provoquem incêndios florestais, coisa que começa a ser raro junto das nossas praias, mesmo sendo uma actividade de que os portugueses tanto gostam. Na praia de Mira, já há algum tempo, não é possível, pelo menos pelo que me é dado a observar. E, na praia da Tocha, mesmo havendo boas condições, não é permitido o uso de grelhadores próprios.
No entanto, há situações que como cidadão não posso deixar de referir: Não me parece ser de quem sabe viver em sociedade, respeitando os demais, a acção de reservar as mesas existentes (algumas vezes com um simples garrafão enchido com água na torneira do local), às 10 da manhã, indo de seguida apanhar o seu sol no areal, voltando por volta das horas do almoço.
Será difícil que haja regulamentação sobre o assunto, mas julgo ser de fácil entendimento que não é a atitude certa, senão vejamos: Alguém necessita de uma consulta de saúde. Dirige-se ao Centro de Saúde na véspera e aí deposita, junto à porta de entrada, igualmente um garrafão de água; Outro quer uma declaração da Segurança Social e cerca da uma da manhã, quando vem de um jantar com os amigos, coloca um exemplar de um qualquer jornal ou revista em local similar; Melhor ainda, um único indivíduo, que tenha tempo disponível, leva três garrafões e oito jornais e marca lugar para toda a equipa de futebol que costuma jogar aos Sábados no jogo dos solteiros contra os casados.
Não me parece mesmo nada bem.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Automobilistas, ciclistas e peões

Hoje apetece-me bater nos automobilistas. Eu sei que é mais fácil dizer mal do que fazer bem, blá, blá… Mas se houver uma única alma que consiga tempo para ler isto, não se aborreça e o tenha em conta, já fiz a minha boa acção de hoje.
Eu viajo, habitualmente, como condutor em automóvel, mas também utilizo a minha “btt” em estrada, assim como pratico corrida nesse mesmo local. Possivelmente, esta minha ocupação tripartida, no que à utilização do espaço circulante diz respeito, permite-me olhar de outra forma para o dia-a-dia dos espaços públicos asfaltados.
Não quero ser um exemplo e muito menos ser a voz da consciência dos demais utilizadores das vias, mas a verdade é que a falta de respeito impera. E o que me deixa mais preocupado é o facto dessa falta de respeito vir muitas vezes acompanhada de desconhecimento.
Por exemplo, não havendo passeios e vias reservados, os peões (incluindo os que andam um pouco mais depressa), ciclistas e demais utilizadores têm de “conviver” na faixa de rodagem e/ou bermas. Diz o Código da Estrada (CE) que os condutores devem sempre ceder a passagem quando pretendem entrar na via saindo de um parque ou quando pretendem entrar numa rotunda; Ainda, quando estacionados na berma, não deverão iniciar a marcha sem tomar todas as precauções necessárias para evitar acidentes. Agora pergunto eu, porque razões não o fazem? Ah, já sei, o automóvel permite andar mais depressa e, principalmente, oferece uma maior protecção, logo, que se lixe o gajo da bicicleta.
Relativamente aos peões, o CE prescreve que os peões poderão usar as bermas da faixa de rodagem, quando não existam passeios (neste caso, eu até me atrevo a perguntar se há outro local para utilizar; só se for por cima dos objectos contíguos à via, tais como muros, jardins, edifícios, etc; deduzo que não seja tarefa fácil para a maioria dos peões), então porque é que os condutores não facilitam e teimam em espetar o espelho retrovisor direito no braço do peão.
Ainda está escrito, no já referido diploma, que as luzes de cruzamento deverão ser utilizadas em vez das luzes de estrada (máximos), de entre outras situações, quando se cruza com pessoas. E, que eu saiba, as luzes de cruzamento (os recorrentes médios) são obrigatórias, logo todos têm e podem usá-las.
Ok. Eu sei que os peões e os ciclistas, quando em grupo, teimam em andar a par perturbando desnecessariamente o trânsito em geral, mas como eu escrevi no início. Hoje era para bater nos automobilistas.