Estava a assistir ao jogo do Porto com o Barcelona, quando o comentador diz que determinado jogador, durante a cobrança de um lance livre, colocou demasiado a bola. Pergunto eu: Como é que se pode colocar demasiado a bola? Ou se coloca bem ou não, penso eu. Tanto mais que neste caso aquele objecto passou do lado de fora e ainda a certa distância do poste da baliza.
É chato estar sempre a explicar tudo, mas desta vez vai ter de ser. Ora bem! Chuta-se a bola. Considera-se tão mais colocada, quanto mais a sua trajectória se aproximar dos postes ou trave, ou seja, afastada do raio de acção do guarda-redes. A partir do momento em a bola não entra por ter batido nos limitadores físicos da baliza ou quando passa do lado de fora, isso chama-se, simplesmente, bola mal colocada.
Isto faz-me lembrar aqueles que, na hora de falar dos seus defeitos (por exemplo nos concursos das televisões), se apresentam como demasiado sinceros, demasiado bondosos, demasiado honestos e não sei o que mais.
Demasiado honesto? Como? Só vejo uma hipótese que passo a exemplificar: No caso de pessoas que trabalham manuseando dinheiro alheio, serão demasiado honestas se acrescentarem ao montante algum do seu próprio dinheiro.
Há adjectivos que só têm diversos graus na teoria. Na prática é sim ou não.
Muito honesto e honestíssimo são o mesmo que honesto. Pessoa pouco honesta ou não muito honesta é tão simplesmente desonesta ou não honesta. Ponto final.