quinta-feira, 28 de julho de 2011

Culinária

Não vou fazer qualquer trocadilho com a palavra. Não vale a pena, já há quem o faça a cantar. Vou, sim, debruçar-me sobre o assunto. De facto debruço-me todos os dias e, usualmente, mais do que uma vez. Debruço-me sobre o prato ao almoço, ao jantar e até em outras horas gastronómicas.
Começo já por dizer, antes que seja tarde, que este é um dos muitíssimos temas que não domino, mas sobre o qual venho reflectindo.
Senão vejamos! Parece que tudo o que sabe bem no palato faz mal à saúde: O marisco provoca um aumento do ácido úrico; o Leitão à Bairrada parece que faz bem ao colesterol e mal a nós, pelo menos dizem para aí que aquele aumenta que se farta; os doces em geral provocam hiperglicemia; etc, etc.
Sendo assim, restam-nos os cozidos e sem sal, porque até as zonas mais passadas dos grelhados e assados podem provocar cancro do pâncreas.
Mas isto deixa-me a pulga atrás da orelha. Os médicos que conheço comem mais marisco do que eu, muitos gostam de parar nos vários restaurantes da Mealhada onde o leitão é prato oficial, a maioria ingere mais doçarias do que eu e, comparado mais uma vez com a minha pessoa, nenhum pratica mais exercício físico.
Algo está errado. Ninguém me tira da cabeça que nos andam sistematicamente a enganar, com o intuito que sobeje mais para eles, ou então há um qualquer segredo que guardam bem guardado.
Certamente, porque só pode, há um medicamento que controla os excessos e eles não dizem nada. Seus malandros.

Coisas que não ficam bem

Há dias difíceis. Por exemplo, quando não temos guarda-chuva, chove e temos de atravessar a rua. Pior ainda: faltam cinco minutos para o final do dia de trabalho e ouve-se o toque do telefone. Verificamos o visor do aparelho e o número é daquela pessoa que leva no mínimo uma hora para nos dizer o que pretende, tarefa que podia ser levada a cabo em, vamos lá, um minuto.
Igualmente mau. No acto de ser cumprimentado, ouvir dizer “já agora” ou então não ser olhado nos olhos ou ainda o nosso interlocutor continuar a conversa que estava a ter, não se dignando a um curto “bom dia”.
Mas, o pior dos piores é num restaurante os empregados de mesa me perguntarem se está tudo ao gosto, quando estou a tentar deglutir a carne que estou a mastigar. Obrigam-me a responder um sim com a boca cheia, quando algumas vezes me apetecia tecer outros comentários. Mas não o faço porque, fazendo fé no que observo durante algumas refeições, não deve ser agradável que vejam o quimo enquanto falo.
É por estas e por outras que vou raras vezes àqueles locais. Ou é por isso ou por ser caro, não sei.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Felicidade

Há uns anos, num curso que envolvia a obrigação de efectuar discursos para plateias, alguns dos quais de improviso, saiu na “rifa” a um colega, para falar durante três minutos, o tema: a felicidade.
Após o conhecimento do assunto, eram dados para preparação cinco minutos, que antecediam a “representação”, os quais ele utilizou para, rapidamente, ir à biblioteca existente no edifício da formação e ver o significado da palavra.
Assim, iniciou a intervenção dizendo: “A felicidade é um sentimento ulterior da alma”, enquanto apontava com os dois polegares na direcção das próprias costas, e mais não foi capaz de dizer, mas os presentes riram muito. E ele também.
De facto não é fácil definir ou expressar-se sobre este tema. Não sei se aquilo foi um momento de felicidade, pelo menos para ele não terá sido. Mas julgo poder observar uma coisa. As pessoas buscam sempre a felicidade na tarefa seguinte e não na actual.
Não sei se já li ou ouvi o que vou relatar ou ainda se, pelo contrário, já pensei tanto no assunto que me parece familiar.
Vejamos:
Enquanto somos crianças, julgamos que seremos felizes a partir do momento em que atingiremos a maioridade acompanhada da tão ambicionada liberdade;
Nessa altura, começa-se a imaginar: É pá, quando tiver o meu curso e/ou o meu trabalho e casar é que vai ser;
Casamos e aí dizemos: - Quando tiver filhos, isso é que vai ser porreiro. Brincar com eles, etc. Aí, sim, serei feliz;
No entanto começamos a ficar preocupados com o seu futuro e supomos que seremos felizes apenas quando eles próprios tiverem os seus cursos terminados e a sua vida própria organizada. Finalmente, seremos felizes e teremos tempo para nós.
Pois bem. Esquecemo-nos do mais importante. Não vivemos os pequenos momentos de felicidade que pontilham a vida.
Quando damos por isso, somos velhos de mais para começar a procurar a felicidade.
Como diria o saudoso Raul Solnado – "façam o favor de ser felizes", ao que eu acrescento – JÁ!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ídolos, heróis e outros

Nunca tive ídolos. Não sei porquê, mas gosto de olhar as pessoas de uma forma sistémica. Hoje todos são ídolos. Na maioria das vezes fazem uma única coisa um pouco melhor do que a generalidade dos outros (por vezes nem isso), entre milhões de coisas que o Homem é capaz de fazer.
A grande culpada é, sem dúvida, a televisão e nós habituámo-nos a aceitar esse facto sem questionar. Se um elemento está fechado numa casa, depressa se torna um ídolo. Se dá 3 toques numa bola sem a deixar cair ou se imita razoavelmente bem uma canção, ascende, igual e facilmente, à categoria de ídolo.
Para mim, um ídolo tem de ser um bom exemplo em todas as vertentes (eu sei que não é esta a definição, eu disse “para mim tem de ser assim”). Pelo menos não deve ser mau exemplo em nenhuma. Vá, ficamos pelo assim-assim.
Mas o que é que se verifica, e para isso basta passar os olhos numa qualquer de entre as revistas cor-de-rosa, é que os idolatrados dão, infelizmente, muito maus exemplos. Há-os até acusados de terem cometido crimes graves.
(Para que não haja grandes questões, sim, eu leio aquelas revistas. A culpada é a minha mulher que as compra e ela desculpa-se dizendo que é apenas para ver a programação televisiva. De qualquer modo, têm um dom: obrigam-me a pensar nos assuntos “importantes” que as próprias abordam.)
Continuando. O caso piora quando são apelidados de heróis. Aí, basta consultar um qualquer dicionário. O herói está num patamar acima do Homem. Não realiza as façanhas de forma egoísta mas, pelo contrário, visa o bem comum. É, por exemplo, aquele ou aquela que é capaz de colocar a própria vida em risco em prol do bem de outros. Herói não é quem consegue perder 15 kg dos 100 que tem a mais ou cantar três notas seguidas mesmo que de forma afinada (Não percebo nada de música, logo não sei se é difícil, ou até mesmo possível, cantar três notas seguidas).
Vamos pôr isto neste ponto: o leitor tem um colega que provoca, sistematicamente, um mau ambiente no local de trabalho, sabe que na sua própria casa não é diferente, havendo constantes discussões, sempre que sai consigo à noite arma um banzé em todos os locais públicos, depois de ter exagerado na bebida. No entanto, à sexta-feira, vai ao Karaoke e deleita as pessoas presentes com a sua imitação do “Não há estrelas no Céu” do Rui Veloso. Considera-o um ídolo? Certamente não. Então porque o fazemos com pessoas que nem conhecemos?
Penso ter a resposta: Damos muito valor àquilo que não conhecemos e projectamos naquelas pessoas ideais que não existem.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ditados populares

Como terão sido inventados os ditados populares que hoje conhecemos? (Não confundir com as tarefas que eram popularmente executadas na antiga escola primária e que, normalmente, eram seguidas de tantas reguadas quantos os erros de ortografia nelas existentes).
Voltando à vaca fria, ninguém me tira da cabeça que foram sendo criados, ao longo do tempo, por aqueles que necessitavam de justificar algo normalmente não aceite. Por exemplo, eu não aprecio o carapau. Podia, se tivesse “força” para o repetir até entrar no senso comum, inventar um ditado que dissesse: Comer carapau é mau.
Mas vejamos estes: “O tamanho não interessa”. “É dos carecas que elas gostam mais”. “Os gordos são mais felizes”. “Gordura é formosura”, etc.
É certo que as modas mudam e, olhando para algumas pinturas anteriores ao século XX, posso até aceitar que as senhoras um pouco mais cheiinhas eram consideradas belas e perfeitas. Mas isso era quando a generalidade da humanidade não tinha à disposição alimentos em excesso como actualmente acontece nos países desenvolvidos ou nos emergentes.
Portanto, a fazer fé nos depoimentos de uns concorrentes de um certo programa, verificamos que as pessoas gordas querem e gostariam de ser magras e, principalmente, não estão contentes com o corpo que têm.
Bem, isto está a ficar um texto demasiado sério para o meu gosto. Passemos a desenvolver os outros.
O tamanho não interessa. Ai não! Então porque não se utiliza um cordel para amarrar um navio petroleiro nas docas ou, então, experimentem pregar um cravo numa chulipa da ferrovia com um martelinho de cinzelar. Ficaram surpreendidos, estavam à espera que eu estivesse a referir-me a outra coisa? Que mentes essas!
Quanto à calvície, o problema é o mesmo. Não consigo acreditar que as senhoras preferem ver-nos sem cabelo, mas quem é que consegue entrar na mente delas para o ficar a saber.
Pelo sim pelo não, vou passar a considerar que a moral a retirar da generalidade dos ditados é exactamente o contrário do que dizem.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Praias do Centro

Num destes fins-de-semana desloquei-me pela primeira vez, neste ano, à praia da Cova-Gala. Julgo que, em termos de administração do território, não estou a fazer confusão e aquela pertence à freguesia de S. Pedro. Bem, não é a geografia que me leva a escrever este texto, mas sim as facilidades existentes, relativamente a áreas para descanso e/ou tomar refeições, entre outras coisas.
De facto, é com agrado que verifico que é possível realizar um churrasco com a segurança necessária para que não se provoquem incêndios florestais, coisa que começa a ser raro junto das nossas praias, mesmo sendo uma actividade de que os portugueses tanto gostam. Na praia de Mira, já há algum tempo, não é possível, pelo menos pelo que me é dado a observar. E, na praia da Tocha, mesmo havendo boas condições, não é permitido o uso de grelhadores próprios.
No entanto, há situações que como cidadão não posso deixar de referir: Não me parece ser de quem sabe viver em sociedade, respeitando os demais, a acção de reservar as mesas existentes (algumas vezes com um simples garrafão enchido com água na torneira do local), às 10 da manhã, indo de seguida apanhar o seu sol no areal, voltando por volta das horas do almoço.
Será difícil que haja regulamentação sobre o assunto, mas julgo ser de fácil entendimento que não é a atitude certa, senão vejamos: Alguém necessita de uma consulta de saúde. Dirige-se ao Centro de Saúde na véspera e aí deposita, junto à porta de entrada, igualmente um garrafão de água; Outro quer uma declaração da Segurança Social e cerca da uma da manhã, quando vem de um jantar com os amigos, coloca um exemplar de um qualquer jornal ou revista em local similar; Melhor ainda, um único indivíduo, que tenha tempo disponível, leva três garrafões e oito jornais e marca lugar para toda a equipa de futebol que costuma jogar aos Sábados no jogo dos solteiros contra os casados.
Não me parece mesmo nada bem.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Automobilistas, ciclistas e peões

Hoje apetece-me bater nos automobilistas. Eu sei que é mais fácil dizer mal do que fazer bem, blá, blá… Mas se houver uma única alma que consiga tempo para ler isto, não se aborreça e o tenha em conta, já fiz a minha boa acção de hoje.
Eu viajo, habitualmente, como condutor em automóvel, mas também utilizo a minha “btt” em estrada, assim como pratico corrida nesse mesmo local. Possivelmente, esta minha ocupação tripartida, no que à utilização do espaço circulante diz respeito, permite-me olhar de outra forma para o dia-a-dia dos espaços públicos asfaltados.
Não quero ser um exemplo e muito menos ser a voz da consciência dos demais utilizadores das vias, mas a verdade é que a falta de respeito impera. E o que me deixa mais preocupado é o facto dessa falta de respeito vir muitas vezes acompanhada de desconhecimento.
Por exemplo, não havendo passeios e vias reservados, os peões (incluindo os que andam um pouco mais depressa), ciclistas e demais utilizadores têm de “conviver” na faixa de rodagem e/ou bermas. Diz o Código da Estrada (CE) que os condutores devem sempre ceder a passagem quando pretendem entrar na via saindo de um parque ou quando pretendem entrar numa rotunda; Ainda, quando estacionados na berma, não deverão iniciar a marcha sem tomar todas as precauções necessárias para evitar acidentes. Agora pergunto eu, porque razões não o fazem? Ah, já sei, o automóvel permite andar mais depressa e, principalmente, oferece uma maior protecção, logo, que se lixe o gajo da bicicleta.
Relativamente aos peões, o CE prescreve que os peões poderão usar as bermas da faixa de rodagem, quando não existam passeios (neste caso, eu até me atrevo a perguntar se há outro local para utilizar; só se for por cima dos objectos contíguos à via, tais como muros, jardins, edifícios, etc; deduzo que não seja tarefa fácil para a maioria dos peões), então porque é que os condutores não facilitam e teimam em espetar o espelho retrovisor direito no braço do peão.
Ainda está escrito, no já referido diploma, que as luzes de cruzamento deverão ser utilizadas em vez das luzes de estrada (máximos), de entre outras situações, quando se cruza com pessoas. E, que eu saiba, as luzes de cruzamento (os recorrentes médios) são obrigatórias, logo todos têm e podem usá-las.
Ok. Eu sei que os peões e os ciclistas, quando em grupo, teimam em andar a par perturbando desnecessariamente o trânsito em geral, mas como eu escrevi no início. Hoje era para bater nos automobilistas.