terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ainda sobre as agruras da vida

Como aqui escrevi anteriormente, são os casos… digamos… pouco agradáveis, que vão acontecendo ao longo da vida, que mais tarde nos trazem momentos de salutar riso e são convívio. Salvo sejam, evidentemente, as doenças e outros do género. Tal como o piripiri, que torna a carne mais apetitosa, não cabe no caldo verde.
Retiro do rol a doenças mas não alguns acidentes, pois as cabeças partidas estão no topo das situações caricatas ou estúpidas.
Voltando a referir-me aos que não cumpriram o serviço militar, mas agora apenas àqueles cuja razão foi unicamente por já ter deixado de ser obrigatório, acresce-lhes ainda outro pormenor. São novos e viveram já na fase em os pais compravam a generalidade daquilo que queriam.
Ora, o que é que isto tem a ver com o caso? Tudo. Anteriormente, as crianças construíam os seus brinquedos. Faziam os seus carrinhos de rolamentos. Quando passavam à fase da bicicleta, normalmente utilizavam uma velha, existente lá por casa ou construída com peças de várias, à qual efectuavam umas alterações para a tornar mais desportiva. Essencialmente, tornar desportiva era equivalente a retirar os guarda-lamas e virar o guiador para baixo.
Então, no meio deste afazeres, vê-se logo que tem de haver contratempos. Entrar pelos silvados existentes na berma da estrada era comum. Cabeças partidas idem. Destruir uma ou outra ferramenta aos pais também.
Claro que é melhor não acontecerem situações destas actualmente, queremos a segurança acima de tudo. Mas o que está feito, feito está. E haverá coisa que provoque mais o riso do que uma boa relembrada destas “desgraças”, umas dezenas de anos depois, durante um jantar de família? Duvido.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A vida e o piripiri

Quase que aposto (só não aposto efectivamente porque a minha mãe sempre me disse que pessoas de bem não se metem em apostas) que quando há uma reunião em que o saudosismo é trazido à colação, as conversas acabam sempre sobre as agruras da vida. É difícil, nesses grupos, alguém ser levado à séria se trouxer a lume o que de bom lhe foi acontecendo.
O que é versado são as peripécias e as desgraças, as quais, olhadas de longe, provocam umas boas risadas. Não me lembro, quando tomo parte numa dessas conversas, que se tenha falado de coisas que apenas correram bem, pois essas não ficam para a História.
Vou exemplificar com dois diálogos. Primeiro:
- Lembram-se daquele dia em que chovia muito e eu tinha guarda-chuva? Eh pá, nem me molhei um pouco.
- Ah! – dizem os outros.
Segundo:
-Lembram-se daquele dia em que chovia muito, eu não tinha levado guarda-chuva e ainda por cima usava aquelas calças de ganga antiga que encolhia com a água. Quando cheguei a casa já pareciam uns calções…
-Eh! Eh! Ah! Ah!... Eh pá, já me dói a barriga de tanto rir. – dizem agora.
Assim, os tempos de tropa e de escola são o objecto predilecto. Um dia colocarei aqui alguns casos de situações deste tipo. Hoje não é esse o objectivo.
Agora, exposta que está a teoria, o que é que me apraz dizer sobre isto? O que me vem à cabeça é que aqueles momentos maus, à data do seu acontecimento, estão para a vida como o piripiri para os alimentos. “Queima” a língua mas intensifica o sabor de um bom prato.
O que seria de uma vida sem um ou outro contratempo? Não seria vida. Aliás, não sei se já repararam nisso, mas quando no grupo de contadores de desgraças ocorridas na vida militar, estão alguns que, por um motivo ou outro, não pisaram uma parada, esses ficam com aquele olhar de inveja e de quem daria tudo para ter calçado umas botas com cardas.
Que raio, é que desta forma, não têm nada para contar.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A aproximação de um novo ano: Sobreviventes

Descobri, agora que pensei nisso, que sou um sobrevivente. Passei por várias catástrofes, hecatombes e “fins-do-mundo” e estou aqui para escrever sobre isso. No caso de ser o único é chato porque não terei alguém para ler isto.
Primeira grande vitória: atingi e ultrapassei o apocalipse do ano 2000. Foi difícil, lembro-me agora que o espumante e o bolo-rei, que consumi no dia 31, provocaram-me algumas dores de cabeça no dia 1, mas lá me aguentei.
Mais tarde, estava eu já descansado, quando alguém se lembra de argumentar não sei o quê, mas que o novo milénio só começaria em 2001, pois o início da contagem foi o ano 1 e não o ano zero. Ora, fiquei novamente preocupado, nem fui verificar se as contas estavam certas, e imaginei: uma vez mais, vai ser uma passagem de ano difícil com as dores de cabeça do dia seguinte. Agora que reflicto um pouco nisso, acho que as dores de cabeça são um costume dos dias 1 de Janeiro, desde há vinte anos pelo menos. Não sei porquê!
Mais recentemente, os esotéricos premeditaram o fim no dia 11-11-2011. Também passei por isso com distinção. Nem levemente chamuscado fiquei. E havia quem dissesse que as chamas iam ser altas.
De qualquer modo um mundo que resistiu às passagens do ano 1000, do dia 11-11-1111 e de 1143 (nascimento do Condado Portucalense) está preparado para tudo.
Venham de lá essas superstições, previsões, esoterias e profecias.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Países, Línguas e a dignidade

Após algumas comparações linguísticas, verifiquei que é possível aferir a influência de um país noutro através dos vocábulos assimilados pela Língua.
Sem grande esforço encefálico lembramo-nos facilmente de uns quantos estrangeirismos de origem inglesa, italiana, francesa, etc..
O engraçado da coisa é verificar como essa influência se tem verificado:
Do inglês, chamados anglicismos, temos computador e mais umas dezenas ligados à Informática, e ainda single, rock, andebol, ténis, etc.
De Itália vieram o capuchinho, piza e uns quantos ligados à música, tais como, allegro, mezzo…
Do francês, também apelidados de galicismos, adoptamos batom, croissant, ballet, blá, blá.
O português influenciou bastantes línguas, normalmente, através de nomes ligados às viagens aos “novos mundos”. Por exempo, o Inglês foi buscar as palavras zebra, caravela, China, flamingo… E, uma muito conhecida, é o “origatô” (mais ou menos assim pronunciada) do japonês, que é uma cópia do nosso obrigado. Parece que já na altura os portugueses eram educados e agradecidos, pois deveriam dizer repetidamente aquele vocábulo.
Bem, isto leva-me a algumas conclusões. Eu vou retirar duas. A primeira, que certamente já deu lugar a estudos académicos, é que é possível verificar quando determinado povo teve influência, tecnológica ou outra, no mundo. Basta ver quando os vocábulos foram assimilados pelas outras línguas.
A segunda, que pessoalmente me interessa mais, é verificar o que as outras línguas nos legaram. Do Inglês veio a tecnologia moderna, de Itália música e umas comidas boas que engordam. Agora de França vieram palavras que, para serem pronunciadas, obrigam a colocar os lábios e toda a cavidade bucal numa posição esquisita. Por outras palavras, são termos que qualquer homem tem vergonha de pronunciar.
Eu dou uma sugestão. É sempre possível dizer-se que se está a comer um bolo com ou sem chocolate, enquanto a esposa está a pintar os lábios para depois irem ver uma dança onde os executantes andam em bicos dos pés. É mais longo, demora mais tempo a dizer, mas é mais digno.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A música

Cuidado ao ler isto. No fim o leitor perceberá o porquê.
Muitas vezes penso como é possível escrever milhares ou milhões de músicas com apenas sete notas, acrescidas das suas variantes para baixo e para cima. À minha pessoa, que não percebe nada do ofício, faz confusão.
Julgo que um compositor estará lá na sua fase criativa, a cantarolar e a bater com os dedos numa mesa (quase de certeza que é assim que criam as músicas) e quando dá por ela já está a plagiar uma outra.
Por deficiência profissional, gosto de testar todas as minhas teorias e se tentar cantarolar (cantarolar é uma forma de dizer, será mais guinchar) uma melodia nova, irremediavelmente caio numa outra que já conheço.
Eu sei que com apenas dez algarismos conseguimos construir números infinitamente. Então de forma semelhante se farão infinitas músicas com as notas? Claro que não.
Primeiro, porque nem todos os números são melódicos e todas as músicas o terão de ser. Bem, agora que escrevo isto lembro-me de umas quantas que me arranham os tímpanos. Mas continuando… Aceito que haja alguma melodia no número 123321123, mas não haverá nenhuma no 543646708.
Segundo, os números repetem-se e os acordes não poderão ser iguais em duas músicas sob pena de serem uma e uma só. Por exemplo 12341234 e 123412341234 são números diferentes, mas se 1234 fosse um acorde, seriam a mesma música.
Esta teorização toda provocou-me dores de cabeça. É bom que ninguém leia isto, pois pode ser perigoso. Agora já entendem a nota inicial. É que não quero ser responsável por dores de cabeça alheias.